Diferenciais entre madeira legal e madeira certificada

Madeira legal e certificada são categorias que ajudam as empresas a terem acesso à madeira de cultivo sustentável. Entenda as diferenças

Apesar dos grandes avanços tecnológicos, ainda podemos afirmar que não existe mercado moveleiro ou marcenaria sem madeira. Contudo, questões ambientais têm obrigado os fabricantes a entenderem melhor as diferenças entre madeira legal e madeira certificada.

Esses dois termos são essenciais para o mercado de madeira e para todas as empresas que dependem dele.  Aliás, não é surpresa para ninguém que quando o assunto é florestas, nosso país se destaque no cenário mundial. “O Brasil possui 12% do total mundial de cobertura florestal, ou seja 495 milhões de ha, o que correspondem a 60% do nosso território. Dessa área, 485,4 milhões de ha (98,1%) são de florestas nativas e 9,5 milhões de ha (1,9%) de florestas plantadas, principalmente com as espécies eucalipto (7,5 mi de ha) e pinus (1,7 mi de ha). Essas florestas são a base de suprimento da produção da indústria de madeira processada mecanicamente”, afirma Juliano Vieira de Araújo, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).

O problema é que nem sempre o consumidor entende as diferenças entre madeira ilegal, madeira legal e certificada. Isso faz com que ele possa rejeitar peças feitas de árvores nativas, ainda que essas árvores tenham sido extraídas legalmente.

Madeira legal e madeira certificada: o que é madeira legal?

A madeira legal é aquela cuja extração e venda está dentro da legalidade. Muita gente não sabe, mas é possível comercializar madeira de árvores nativas, desde que esse comércio obedeça à legislação ambiental. É lógico que espécies ameaçadas de extinção, como o Pinheiro do Paraná, não entram na lista de árvores que podem ser derrubadas e vendidas. Além disso, absolutamente ninguém tem autorização para derrubar árvores que estejam em locais de preservação ambiental, como parques estaduais, reservas florestais e terras indígenas.

A exploração da madeira legal começa com o empresário consultando as orientações do seu município, estado ou do Governo Federal, pelo Ibama. Esses órgãos orientarão a empresa a respeito das possibilidades de exploração de madeira.

Para vender essa madeira, é preciso que o empresário faça um Documento de Origem Florestal (DOF). Em alguns estados, como São Paulo, além do DOF é necessário ter a Guia Florestal (GF) e a Guia de Controle Ambiental (GCA) para poder fazer o transporte dessa madeira.

Sem essa documentação, a empresa fica impedida de transportar, comercializar ou declarar os ganhos que obteve com essa madeira. Além disso, todos os envolvidos na extração, transporte e comercialização da madeira podem ser autuados por crime ambiental.

Para emitir o DOF, é necessário visitar o site do Ibama. Para combater a extração ilegal de madeira, o Ibama pode deixar de emitir o DOF em alguns estados, por períodos específicos. Dessa forma, a extração, transporte e comercialização da madeira fica impedida.

O que é madeira certificada?

Já a madeira certificada tem como diferencial o seu manejo. Desde o plantio das árvores até o corte, tudo é pensado para ter o menor impacto ambiental e social possível. Tanto madeiras de matas nativas quanto oriundas de reflorestamento podem ser certificadas, desde que comprovem que fazem parte de uma cadeia produtiva dentro da legalidade.

Isso significa que não são admitidas práticas criminosas, como a exploração de mão de obra escrava no corte dessas árvores, algo que, infelizmente, existe no mercado de madeira ilegal. Além de ter que seguir todas as regulamentações ambientais, as madeiras certificadas ainda obedecem a outras regras, impostas pelas empresas que fornecem as certificações. Uma das regras é a rastreabilidade da madeira.

Isso significa que um importador de móveis pode identificar a origem da madeira, se a serralheria respeita os seus funcionários, se o transporte foi feito adequadamente etc. Para o consumidor, isso é cada vez mais importante. Uma matéria publicada pelo site Ecommerce Brasil mostra que 70% dos consumidores ouvidos em uma pesquisa estão dispostos a pagar mais caro por produtos, desde que eles sejam sustentáveis.

Para a indústria de móveis, incluindo as marcenarias, as madeiras certificadas abrem uma grande oportunidade para o posicionamento de marcas e produtos. Além disso, esse tipo de certificação é essencial para as empresas que querem crescer em ESG, buscando não só consumidores, mas linhas de crédito e investimentos externos.

E a madeira ilegal?

Por fim, a madeira ilegal é aquela cuja extração, transporte e comercialização ocorre na clandestinidade.

Sem licenças, sem autorização, sem remunerar adequadamente os funcionários, sem pagar impostos, sem se preocupar com o manejo e sem fornecer dados, essa atividade econômica é muito nociva não só para o meio ambiente, mas para as comunidades que vivem próximas às florestas.

Não são raros os casos em que a extração de madeira ilegal está associado a uma série de outros crimes, como tráfico de animais, exploração de mão de obra escrava, exploração de menores, entre outros. Além do mais, a exploração de madeira ilegal prejudica a imagem dos produtos brasileiros no exterior, que são erroneamente associados a esses crimes.

Agora que você entendeu as diferenças entre a madeira ilegal, a madeira legal e a madeira certificada, opte sempre pelas opções legalizadas. Isso será bom para a sua empresa, pois você terá acesso a linhas de crédito especiais e novos mercados.

Fonte: Formóbile

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